O oitavo e último dia de Hanukkah tem um nome especial: “Zot Hanukkah,” que significa “Isto é Hanukkah”. De acordo com a tradição, este é um bom dia para ter nossas preces atendidas.
Margalit Fried, de 92 anos, foi a última oradora em um evento recente dedicado ao estudo dos campos de detenção britânicos em Chipre entre 1945 e 1948. Nascida na Alemanha, Fried e seus quatro irmãos estavam entre as crianças resgatadas por Henrietta Szold e a Youth Aliyah em 1938, e levados para um vilarejo de jovens perto de Haifa.
Fried cresceu e se tornou enfermeira no Hadassah, e em 1947 recebeu permissão para trabalhar como voluntária junto aos muitos bebes nascidos em Chipre, onde 52.000 judeus, na maioria sobreviventes do Holocausto capturados em navios com destino a Israel como o Êxodos, estavam sendo colocados atrás de cercas de arame farpado após a Segunda Guerra Mundial e antes do Estado de Israel se formar.
“Foi um choque”, ela se recorda. “No Hadassah Hospital, tudo era esterilizado. Aqui 60 bebes e 120 pais estavam amontoados em um espaço tão pequeno que não havia nem luz.” No primeiro dia ela ouviu uma conversa sobre um bebe muito doente. O médico e a enfermeira que estavam no comando queriam chamar uma ambulância para que o bebe não morresse no alojamento dos bebes e causasse um tumulto.
Fried impulsivamente se voluntariou para cuidar do bebe. Mesmo sem falar uma língua comum com o jovem casal da Hungria, ela os convenceu a deixar o bebe sob seus cuidados. “Não há tempo a perder”, ela disse. Pelos três dias seguintes, ela ficou em uma despensa, e deu a ele água em uma colher de chá, porque não havia mamadeiras. Ela o lavou e construiu uma cama de papelão. “Finalmente, ele parou de vomitar. O alojamento dos bebes era barulhento, mas quando as pessoas chegavam perto da despensa elas sussurravam. Todos sabiam que havia algo sagrado acontecendo.” Duas semanas depois, ela devolveu o bebe aos seus pais, e alguém deixou outro em seus braços.
Qual era o nome do bebe? Ela não tem ideia. “Eram tantos bebes,” ela diz.
Houve uma comoção na plateia. Um homem encorpado, que se identificou como Meir Weiss, subiu ao palco. Pai de três filhos, Weiss, agora com 71 anos, é o proprietário da Weiss Bakery em Herzliya, famoso pelo cheesecake e pelo bolo de rum Húngaro com cobertura, e sim, sonhos de Hanukkah. Ele era aquele bebe que Fried salvara. Quando ele envolveu a pequena enfermeira nonagenária em seus braços de padeiro e soluçou, a plateia soluçou junto com eles.
Vamos nos orgulhar de tudo que o Hadassah fez e continua a fazer para salvar vidas. Parte da benção que falamos ao acendermos as velas de Hanukkah diz “em tempos passados e hoje em dia.” A oitava vela – Zot Hanukkah – nos lembra que milagres não acontecem em um vácuo. Nós temos que fazer com que eles aconteçam com nossos esforços na aqui terra.