Pelo colunista convidado Hirsch Goodman
O ethos de Israel ser uma luz para as nações tornou-se tangível para mim recentemente andando pelos corredores do Hospital Hadassah Ein Kerem em Jerusalém para me encontrar com dois dos seis médicos de Camarões que atualmente fazem residência no hospital.
Os médicos Fung Holgar Mua e Carlson Asanghanwa optaram por se especializar em Anestesia e Cuidados Intensivos; os demais trabalham nos Departamentos de Oftalmologia, Ouvido, Nariz e Garganta e Ortopedia. Todos passarão seis anos na Organização Médica Hadassah.
Apesar da riqueza mineral e de outros recursos, o país apresenta uma esperança de vida na ordem dos 60 anos, uma elevada taxa de mortalidade infantil e doenças endémicas, específicamente o HIV e a malária. Há apenas cerca de um médico, muito poucos especialistas entre eles, por 10.000 pessoas.
Existem nove escolas de medicina com uma admissão de 800 alunos por ano de 6.500 candidatos e, uma vez qualificados, espera-se que esses médicos paguem ao país por seus sete anos de educação trabalhando como clínicos gerais em instalações rurais com recursos limitados.
Os primeiros contatos entre Hadassah e Camarões remontam à década de 1990, quando dois oftalmologistas foram treinados no Hadassah. Eles pela sua vez ajudaram a treinar muitos oftalmologistas locais em seu retorno a Camarões. Em 2012, três médicos e uma enfermeira do Hadassah colaboraram com uma equipe local do Hospital Regional de Bamenda para realizar cirurgias gratuitas de catarata e oculoplástica. Como resultado, a Dra. Nche Eleanor fez parte da equipe local e teve a chance de se mudar para Jerusalém, para seus estudos de especialização no Hadassah. Durante seus estudos no Hadassah, ela se tornou uma embaixadora não oficial do hospital, encorajando outros a seguirem seus passos, entre eles os médicos Holgar Mua e Carlson.
E, como ela, os outros médicos voltarão para casa em Camarões para praticar dentro do sistema médico de Camarões, com seu compromisso ampliado, disseram eles, por seu tempo no Hadassah em Jerusalém, muito longe de casa, mas onde se sentem muito em casa.
“É inacreditável,” disse Holgar Mua, “como apesar da aparente turbulência política do lado de fora, uma vez dentro das portas do Hadassah, não se sente nada além de dedicação ao dever. Judeus, árabes e pessoas do mundo todo estão aqui para curar. É realmente notável”, disse ele, “e algo que vou levar para casa comigo”.
Asanghangwa chamou isso dum “caldeirão cultural” que lhe deu uma “experiência enriquecedora” com a qual ele apenas poderia ter sonhado antes de vir para cá.
“Conheci e aprendi com profissionais de primeira linha do mundo todo, além de meus colegas israelenses, e fiz amizades que durarão por toda a vida.”
Enquanto conversávamos tomando um café em um dia chuvoso, ambos contaram suas experiências e, cada um à sua maneira, disse que os últimos seis anos foram dos melhores seis anos de suas vidas, tanto profissional quanto pessoalmente.
“Estar no Hadassah e ver a interação entre pessoas de todas as fés, nacionalidades, perspectivas e crenças trabalhando juntas para o bem comum, aprofundou meu compromisso moral de voltar para casa, bem como meu conhecimento médico”, disse Holgar Mua.
E quando perguntado se, se tivesse a chance, ele faria a mesma escolha de voltar ao Hadassah, Carlson Asanghanwa respondeu sem hesitar:
“Claro que sim. Trabalhei com pessoas incríveis e aprendi muito. Tão importante quanto”, disse ele, “Hadassah é um ímã para médicos do mundo todo e agora tenho uma rede de colegas que serão muito úteis além do que aprendi aqui. É uma das melhores decisões que já tomei e com certeza vou espalhar a notícia entre meus colegas em casa.”
Mais uma vez, Hadassah é uma luz para as nações, de fato.
Legenda da foto: (esquerda – direita) Doutores Fung Holgar Mua e Asanghangwa Carlson