O relógio indicou a meia-noite e o telefone da Profª. Dana Wolf estava tocando. Ela reconheceu o número. Pertencia ao chefe da Divisão do Laboratório Nacional do Ministério da Saúde. Justamente quando o COVID-19 estava se espalhando, o laboratório central de Israel, designado com exclusividade para lidar com os testes de coronavirus, estava fechando porque seu pessoal estava infectado com o vírus que eles foram designados para diagnosticar.
“Dana”, disse quem ligava, “você tem que assumir o controle”. O coração da Profª. Wolf começou a bater rápido. “Senti como se não tivesse nada menos que uma guerra para lutar”, ela afirmou. Mesmo que tivesse tratado pacientes e investigado vírus por anos, não era nada comparado com o que encarou.
Nascida em Haifa de pais que imigraram da Romênia e do Brasil, a Profª. Wolf amava a literatura e se destacou em matemáticas no ensino médio. Ela decidiu se formar em medicina quando estava no 12° ano. “A medicina parecia ser a combinação ideal de ciências e humanidades,” ela explicou. Formou-se na Faculdade de Medicina da Universidade Hebraica-Hadassah e, após o serviço militar, se especializou em medicina interna no tempo no qual o vírus de imunodeficiência humana (HIV) foi descoberto como a causa da AIDS.
“Na época não sabíamos muito sobre vírus”, ela apontou. “Porém com os esforços para parar o número de mortos de AIDS, a virologia virou um campo rapidamente crescente. As estratégias para tratar infecções virais foram se desenvolvendo.”
Hoje, o SARS, o Zika, a Gripe Aviaria, o MERS, o Ebola e claro, o COVID-19 são nomes familiares. Mais dessas transmissões entre espécies, se movimentando de animais para humanos, se espera que apareçam no futuro, continuando a ameaçar a humanidade.
“Sem ninguém capaz de predizer onde ou quando a próxima ameaça patógena vai atacar, se faz mais urgente entender a estrutura e o mecanismo de transmissão, doença e proteção do vírus,” ela afirmou. Isso é o que sua equipe vem fazendo no reconhecido Laboratório de Virologia Clinica do Hadassah, que ela chefia.
Em 2019, o laboratório estava investigando citomegalovirus (CMV), uma ameaça para mulheres grávidas e recém nascidos. Como a Profª. Wolf explica, “A maioria das pessoas não sabem que tem CMV porque raramente provoca sintomas e complicações em pessoas saudáveis. Mas causa um sofrimento terrível para os pacientes com AIDS e ainda ameaça aos que recebem transplantes. Pode também ressultar em sérios defeitos de nascimento no bebê se a mulher grávida esta infectada.”
Os pesquisadores em Hadassah estão fechando o avanço viral do maternal ao fetal e criando novas abordagens antivirais que vão mudar o resultado de infecções congênitas. Sua pesquisa já identificou com sucesso um novo componente que é altamente ativo contra o CMV. Ela está entre os lideres de um consórcio europeu que está trabalhando para encontrar a vacina contra o CMV.
“Com toda nossa experiência e pericia em vírus, nos estávamos prontos para encarar o desafio do COVID-19 quando ele apareceu,” ela disse. Horas depois da chamada do Ministro de Saúde, o Diretor Geral da Organização Médica Hadassah, Prof. Zeev Rotstein aprovou expansões no tamanho do laboratório e suas atividades. Isto coincidiu com sua insistência em que todo o pessoal do Hospital Hadassah necessitava ser testado regularmente para evitar longas quarentenas. A ampliação do laboratório significo que os testes poderiam ser feitos no hospital.
“Pré-COVID-19 nos éramos um laboratório de porte médio, crescendo firmemente, fazendo aproximadamente 150.000 testes para vários vírus por ano,” disse a Profª. Wolf. Com o inicio da pandemia, o laboratório estabeleceu uma parceria entre a Organização Médica Hadassah e a Faculdade de Medicina da Universidade Hebraica. “Cientistas e estudantes da Universidade Hebraica se juntaram à equipe. Pronto nos estávamos fazendo mais de 2,500 testes por dia, e nenhum único trabalhador se infectou.”
Para eliminar engarrafamentos, a equipe desenvolveu um método de extracção de RNA de agrupamento de amostras de forma tal que oito amostras, cada uma marcada com um código de barras, pudessem ser testadas ao mesmo tempo.
“Ninguém precisa ser convencido agora de que investir numa melhor compreensão da passagem e interface de vírus do humano ao animal e a compreensão cientifica e combate aos vírus é essencial,” disse a Profª. Wolf. “Quando olho para trás ao que nos fizemos, é como um milagre. Porém milagres não acontecem no vácuo. A fé colocada em nos pelos doadores, os administradores e os colegas nos colocou numa posição de ajuda a Israel e à humanidade.”
Como apresentado no Relatório Anual de Hadassah 2019, lançado em julho de 2020.
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