Como a vida em meio ao COVID-19 afeta as crianças e seus pais? E as famílias com crianças portadoras de necessidades especiais?
Em um webinar de 27 de maio, organizado pelo Hadassah Reino Unido e Norwood (a maior instituição de caridade judaica do Reino Unido que apoia crianças, famílias e pessoas com dificuldades de aprendizagem e autismo), o Prof. Eitan Kerem, chefe da Divisão de Pediatria do Hadassah Medical Organization, ofereceu conselhos a ouvintes de 16 países sobre como os pais podem orientar seus filhos durante a crise do COVID-19.
O Prof, Kerem explicou que crianças, mesmo aquelas com doenças subjacentes, como asma e fibrose cística, adoecem com COVID-19 com muito menos frequência do que os adultos. No entanto, o lockdown imposto em todo o mundo tornou as crianças “vítimas” da crise.
“Os pais precisam perceber que eles mesmos estão sob estresse, preocupados com os filhos, com os próprios pais, com o emprego e com o futuro”, disse Kerem. E todas as crianças sentem essa tensão.
“Os pais precisam enviar a mensagem de que ‘podemos lidar com essa nova situação do COVID-19 e ela não vai durar para sempre’”, enfatizou o Prof. Kerem.
Todas as crianças sentem falta de suas rotinas e de seus amigos, observou o professor. Portanto, ele aconselhou, os pais precisam criar estrutura e agendas diárias para seus filhos. Isso é particularmente importante para crianças com necessidades especiais, especialmente suscetíveis a perder a noção do tempo e a ficar desorientadas. Além disso, crianças com necessidades especiais podem se tornar hiperativas. “Os pais precisam ser rigorosos em manter uma rotina diária, limitar o tempo de exposição a tv, computador e celulares e impor padrões regulares de sono”, disse ele.
O Prof. Kerem advertiu que crianças hiperativas, podem se tornar destrutivas e começar brigas com seus irmãos, e até se tornar violentas. Para evitar isso, ele recomendou que essas crianças fizessem mais exercícios. “Organize atividades esportivas em casa”, disse ele, e “não as deixe sem vigilância”.
Sensibilizar as crianças para o uso de máscaras também é importante, especialmente para pessoas com necessidades especiais, disse o professor Kerem. Ele recomendou que, para dissipar o medo, os pais usassem máscaras e as colorissem com imagens divertidas.
Sobrepondo-se a outros desafios da pandemia do COVID-19, observou o Prof. Kerem, os pais de crianças com necessidades especiais se preocupam se conseguirão os cuidados e equipamentos médicos necessários. Eles temem levá-los ao hospital para tratamentos regulares, e essa hesitação causou sofrimento a algumas crianças. Por esse motivo, ele pede aos pais que não negligenciem as visitas necessárias ao hospital. Ao mesmo tempo, ele os incentiva a aproveitar as consultas de telemedicina com o médico ou os terapeutas de seus filhos para discutir estratégias e problemas. Isso pode beneficiar os pais e os filhos.
O Prof. Kerem também recomenda que os pais de seus pacientes participem de grupos de apoio. “É importante não se sentir sozinho”, disse ele, “e os pais podem aprender sobre maneiras criativas de ocupar seus filhos e garantir que eles continuem se desenvolvendo”.
Agora que as escolas foram abertas em Israel, quão seguro é para as crianças com necessidades especiais voltarem à escola? O Prof. Kerem aconselhou os pais a descobrirem quão bem a escola de seus filhos está mantendo o distanciamento social e praticando outras medidas de segurança. Ele sugeriu que eles esperassem duas semanas antes de enviar seus filhos para a escola para ver se os casos de COVID-19 aumentariam no país. Se não perceberem um aumento significativo no número de casos, devem enviar as crianças para a escola. Ele tranquilizou os ouvintes, no entanto, que se um caso de COVID-19 for identificado em uma escola israelense, essa escola será imediatamente fechada.
Em termos de socialização, o Prof. Kerem disse que o distanciamento social é muito importante. Algumas famílias, ele disse, formaram grupos de brincadeiras entre si, onde concordaram em ver apenas uns aos outros e se reunir somente nas casas uns dos outros para que as crianças pudessem socializar. Na base de rodízio, um dos pais tomava conta das crianças para que todos os outros pudessem trabalhar, fornecendo uma solução para o dilema que os pais enfrentaram com seus filhos fora da escola.
Outra precaução de segurança que o Prof. Kerem recomendou é que, uma vez terminado o dia escolar, assim que as crianças entrem em casa, elas “lavem as mãos, tomem banho, usem roupas limpas e comecem a ‘hora de ficar em casa'”.
Assista abaixo do webinar: