Este é o primeiro estudo em larga escala a examinar os fatores de risco no histórico médico, ambiente e estilo de vida para o linfoma não-Hodgkin de células B e seus subtipos nestas populações.
Exposição recreativa ao sol, utilização de tintura preta no cabelo, um histórico de hospitalização por infecção e a existência de um parente de primeiro grau com câncer de sangue são fatores de risco para o desenvolvimento de linfoma não Hodgkin de célula B (B-NHL) entre ambos árabes palestinos e judeus israelenses, de acordo com um estudo colaborativo em larga escala realizado pelo Hadassah Medical Organization e a Hebrew University.
A equipe de pesquisa, formada por investigadores israelenses e palestinos, descobriu que entre os palestinos os fatores de risco incluem também jardinagem e um histórico de herpes, mononucleose, rubéola ou transfusão de sangue – fatores não ligados ao B-NHL na população judaica. Na mesma medida, fatores encontrados entre a população judaica foram a plantação de frutas e vegetais e doenças autoimunes reportadas. Os autores levantaram a hipótese de que em ambas as populações estes passatempos refletem a exposição a pesticidas, enquanto outras exposições, como raios ultravioleta por exposição ao sol, são também possíveis. Somado a isto, os pesquisadores descobriram que alguns fatores, como o tabagismo e o uso de mais de uma vez por mês de pesticidas em ambiente fechado estão associados com tipos específicos de subtipos de B-NHL.
Enquanto muito poucos estudos epidemiológicos sobre o B-NHL nas populações do Oriente Médio, tenham sido concluídos, dados de 2012 colocam Israel em primeiro lugar no mundo em incidência de B-NHL. Este é o primeiro estudo em larga escala a examinar os fatores de risco no histórico médico, ambiente e estilo de vida para o linfoma não-Hodgkin de células B e seus subtipos nestas populações.
O estudo, destacado na edição de 14 de Fevereiro de 2017 da PLOS ONE, foi conduzido pela Profa. Ora Paltiel, Diretora da Hebrew University-Hadassah Braun School of Public Health and Community Medicine, e Médica Sênior no Departamento de Hematologia do Hadassah.
“Como os israelenses e os palestinos representam populações geneticamente e culturalmente diversas que vivem em proximidade geográfica”, explicam os cientistas, “a pesquisa que analisa seus fatores de risco pode enriquecer nossa compreensão dos genes e do ambiente na causa do linfoma”. No mesmo ecossistema, as populações diferem em termos de estilo de vida, comportamentos de saúde e sistemas médicos e, no entanto, ambas as populações relatam alta incidência de NHL. Esta forma de linfoma representa a quinta malignidade mais comum em Israel ea oitava malignidade mais comum entre os palestinianos da Cisjordânia. Além disso, eles descobriram que o B-NHL foi diagnosticado em árabes palestinos e israelenses, em média, nove anos mais cedo do que em judeus israelenses.
Recrutados de ambas as populações, judeus e palestinos, os pesquisadores analisaram o histórico médico, ambiente e estilo de vida entre 823 pessoas com B-NHL, junto com 808 indivíduos saudáveis, servindo de grupo de controle. Os autores concluíram que desde que os fatores de risco agem diferentemente em grupos étnicos diferentes, isto levanta a possibilidade de interações genético-ambientais, onde indivíduos de diferentes origens genéticas reagem de modo diverso a certas exposições ambientais. Ao mesmo tempo, ressaltam, esta divergência pode refletir diferenças na dieta, hábitos culturais, características socioeconômicas, condições ambientais e de moradia, serviços médicos, exposição a infecções na infância ou outros fatores.
O estudo foi aprovado pelo Ethics Committees do Hadassah, pelo Health’s Genetics Committee do Ministério Israelense e pelo Ministro Palestino do Health’s Institutional Review Board. Foi financiado pela USAID – United States Agency for International Development (USAID), a Israel Science Foundation, e o Hadassah University Hospital Compensatory Fund.
A Hebrew University, na descrição do estudo em seu website destaca: “Este estudo reflete um esforço de união científica envolvendo investigadores israelenses e palestinos e demonstra a importância da cooperação em pesquisa mesmo em ambientes politicamente incertos.” Entre os participantes incluem-se: a Braun School of Public Health and Community Medicine do Hadassah-Hebrew University School of Medicine; os departamentos de Hematologia e Patologia do Hadassah Medical Organization; Dept. of Medical Laboratory Sciences e Dept. of Community Medicine, Faculty of Medicine, Al Quds University (Abu Dis); Cancer Care Center, Augusta Victoria Hospital (East Jerusalem); Beit Jalla Hospital (Bethlehem); Department of Statistics, Hebrew University; Department of Primary Health Care, Palestinian Ministry of Health; Tisch Cancer Institute e Institute for Translational Epidemiology, Mount Sinai (NY) School of Medicine; Rambam Medical Center e Rappaport Faculty of Medicine (Haifa); The Technion (Haifa); Chaim Sheba Medical Center (Ramat Gan); Meir Medical Center (Kfar Saba); e Tel Aviv University.
Ressaltando o enorme significado deste estudo, a Profa. Paltiel diz: “Além da contribuição científica que este estudo fornece em termos de entendimento dos fatores de risco para o NHL, o estudo estabelece uma importante cooperação de pesquisa entre muitas instituições. O estudo trouxe oportunidades para o treinamento de pesquisadores israelenses e palestinos e permitirá a interação intelectual pelos próximos anos. Os dados coletados fornecerão uma plataforma para o estudo futuro do linfoma. A pesquisa epidemiológica tem o potencial de melhorar e preservar a saúde humana e isto pode servir como uma ponte de diálogo entre as nações.”