Quando Fatma tinha apenas alguns meses de idade, uma infecção severa resultou em um diagnóstico de HIV positivo. Apenas então seus pais foram diagnosticados. A mãe de Fatma, já muito doente para ser salva, morreu de AIDS pouco tempo depois do diagnóstico. Muitos anos depois, seu pai também morreu de AIDS. Antes da mãe de Fatma morrer, ela pediu para Estelle Rubinstein, uma assistente social no Pediatric AIDS Center do Hadassah, “por favor, cuide de minha filha”.
Fatma ficou órfã com apenas 9 anos de idade. “Foi então”, conta a Dra Dina Averbuch, diretora do centro, “que a equipe multidisciplinar do Pediatric AIDS Center se tornou a segunda família de Fatma”.
“Fatma não podia falar sobre o motivo da morte de seus pais com seus amigos ou parentes por causa do estigma que envolve o HIV,” disse a Dra Averbuch. “Nó éramos seu sistema de apoio e dávamos as respostas para as suas perguntas, tanto sobre a sua saúde e, em geral, sobre a sua vida.”
Hoje, Fatma é a primeira israelense nascida com HIV a dar luz a crianças saudáveis e HIV negativas. A jornada até estas crianças não foi fácil. Quando tinha seus 20 anos, e todas as suas amigas já estavam casadas, Fatma perdeu todas as esperanças de ter sua própria família. Ela estava deprimida e parou de tomar seus remédios para o HIV. Ela se mudou para casa de um parente para outro. Um dos membros de sua família disse a ela, “Quando meus filhos saírem de casa para terem suas próprias famílias, você vai ficar aqui para tomar conta de mim.”
Uma vez que Fatma não tomava seus remédios regularmente durante este período difícil da sua vida, disse a Dra Averbuch, “seus níveis do vírus cresceram, e finalmente o vírus tornou-se irresponsivo às medicações. Seu sistema imune se deteriorou. Nós tivemos que mudar a medicação, embora estivéssemos receosos de que o vírus dela se tornaria resistente a estas medicações também, se ela não as tomasse corretamente. Nós até a internamos no departamento pediátrico diversas vezes para dar um apoio mais próximo. Estelle e eu a visitávamos todos os dias para dar apoio médico e psicossocial.”
A equipe do AIDS Center do Hadassah mantém um bom contato com seus colegas na Autoridade Palestina. Quando o Hadassah organizou uma conferência sobre HIV-AIDS para médicos em Jerusalém Oriental, Michele Haouxi-Bashan, a chefe de enfermagem no Hadassah Center, conheceu o “Dr. L”, que supervisiona os cuidados médicos de todos os pacientes HIV positivos na Autoridade Palestina, e uma parceria bem próxima foi criada.
O Dr L ligou para Haouxi-Bashan a respeito de Amjad, um solteiro HIV positivo candidato potencial a marido de Fatma. Antes de sugerirem a Fatma este possível partido, sua família do Hadassah precisava decidir se ele era adequado. “Estelle e eu queríamos conhecer o cavalheiro para decidir se ele era bom o suficiente para nossa Fatma,” disse Haouxi-Bashan.
E então Rubinstein conseguiu uma permissão do IDF para que Amjad pudesse viajar da Autoridade Palestina para conhecer as médicas de Fatma no Hadassah. Rubinstein e Haouxi-Bashan se reuniram com Amjad por mais de duas horas, e quando terminaram, disseram “Se a Fatma não quiser se casar com Amjad, nós casaremos!”
Rubinstein abordou Fatma a respeito do rapaz. Fatma estava relutante em aumentar as esperanças de seus parentes e deu um jeito de se encontrar com Amjad sozinha, contrariando as normas da comunidade. Dois dias depois, Fatma deu a notícia as Dras Averbuch e Rubinstein. “Nós vamos nos casar!”, ela anunciou. Depois desse encontro, Fatma começou a tomar seus remédios adequadamente, e como resultado, seus exames de sangue melhoraram dramaticamente. Eles mostraram uma supressão completa do vírus e funcionamento excelente do seu sistema imune.
A Dra Averbuch então disse para Fatma que enquanto ela tomasse os remédios direito, ela poderia dar a luz a crianças saudáveis. Quando a hora de ter filhos chegou, o Hadassah recebeu a primeira ligação. “E quando ela chegou ao Hadassah para o parto, ela me ligou e eu a acompanhei até a chegada da sua família”, disse a Dra Averbuch. “A família Hadassah de Fatma estava com ela em todos os passos do caminho, da concepção à gravidez, e até na sala de parto!”
Fatma hoje tem duas crianças saudáveis e HIV negativas. Ela continua a ligar para a Dra Averbuch e para Estelle Rubinstein com perguntas a respeito de educação infantil e outros conselhos. Estelle prometeu à mãe de Fatma que ela iria tomar conta dela, e continua a cumprir essa promessa.