Primeiro veio o motor a vapor. Depois veio a energia elétrica, seguida pelos computadores. Agora estamos experimentando a quarta onda das revoluções industriais: a da inteligência artificial (IA). A Organização Médica Hadassah está na vanguarda desta última transformação;
Durante “iHumanos: A idade dos Fotons”, um webinar de 11 de fevereiro, organizado pelo Hadassah Internacional, o Dr. Shai Rosenberg, neuro-oncologista sênior do Hadassah e chefe de seu Laboratório de Biologia Computacional do Câncer, apresentou esse marco de referencia para enxergar o impacto da IA na prática da medicina hoje. Ele e o Prof. Jacob Sosna, chefe da Divisão de Radiologia e Medicina Nuclear do Hadassah, descreveram como a IA está melhorando o que os médicos podem alcançar e em um período menor de tempo.
O Prof. Sosna explicou que hoje, a IA está sendo empregada para tarefas simples, para “mamão com açucar”. Por exemplo, a IA analisa imagens radiológicas onde a expectativa é que a maioria seja normal, como acontece com as mamografias de rotina. Diferencía as mamografias normais das anormais e alerta ao médico para aquelas que são problemáticas e precisam ser priorizadas para dar-lhes atenção.
Esse tipo de triagem torna-se ainda mais importante quando se trata de uma embolia pulmonar com risco de vida, um coágulo no pulmão. Em Hadassah, o Prof. Sosna relatou que os radiologistas realizam 1.200 tomografias cerebrais por mês. Dez por cento delas revelam uma anormalidade. A IA, ele disse, pode pegar uma embolia pulmonar e alertar o radiologista imediatamente. Além disso, o Prof. Sosna observou que a IA, na leitura de uma tomografia cerebral, pode identificar áreas de sangramento que um radiologista pode não detectar.
O Prof. Sosna relatou também que o Hadassah desenvolveu um software de IA que detecta novas lesões cancerígenas, bem como determina se uma lesão aumentou ou diminuiu de tamanho, uma forma especialmente importante para avaliar se uma quimioterapia específica está funcionando. Também no domínio do uso da IA para medicina clínica, a taxa de gravidez com fertilização in vitro está sendo aumentada com o software de triagem de IA que identifica os óvulos fertilizados mais promissores para implantar.
Em menos de 10 anos, o Dr. Rosenberg prevê que teremos “um exército de algoritmos que acompanharão nossos pacientes em suas jornadas.” ” Em combinação com dados clínicos digitalizados, o software de IA fornecerá um meio de acompanhar como um paciente está indo. Rosenberg está agora pilotando uma ferramenta para pacientes com câncer em Hadassah chamada “Enfermeira Digital”, através da qual enfermeiras digitais orientam aos pacientes ao longo de seus tratamentos e solucionam problemas colaterais.
A oncologia é uma “profissão muito rica em dados”, observou o Dr. Rosenberg. Há uma grande quantidade de informações sobre o perfil genético do tumor de cada paciente. Mas, o Dr. Rosenberg relata, em termos de diagnóstico, só sabemos se 10% das mutações em um gene causarão câncer. O objetivo agora é instruir a IA a criar um modelo para prever se os outros 90% das mutações causarão câncer. Trata-se de “aprendizado de máquina supervisionado”, onde o computador cria suas próprias regras para alcançar o resultado solicitado.
O Prof. Sosna prevê que no futuro, o software de IA irá testar pessoas para doenças como a osteoporose, captando uma mudança sutil em uma tomografia computadorizada ou diabetes, identificando um ligeiro aumento no nível de glicose em uma amostra de sangue, antes que uma pessoa mostre qualquer sintoma clínico.
A IA, no entanto, terá que ser empregada com cautela, explicou o Dr. Rosenberg. Algoritmos que são desenvolvidos em um país podem não ser aplicáveis em outro país. Por exemplo, se um algoritmo para examinar o olho é criado na Tailândia, e a luz não é a mesma disponível nos EUA, o algoritmo não funcionará nos EUA.
Com as vantagens da IA e da medicina digital vem o grande desafio de preparar aos médicos para fazer da IA parte do seu armamento. Hadassah está na vanguarda de garantir que seus alunos de medicina alcancem um nível de conforto com a nova tecnologia. O Prof. Sosna e o Dr. Rosenberg estão ministrando um curso de medicina digital para todos os alunos de medicina de Hadassah. Além disso, Hadassah criou um novo programa educacional em medicina computacional que já está treinando 47 estudantes de medicina para um duplo grau em medicina e ciência da computação.
Será que os computadores, que não têm empatia, eventualmente tomarão as decisões sobre nossos cuidados de saúde? “A medicina é uma interação humana”, afirma o Prof. Sosna. “Você não confia em um computador; Você confia no seu médico. Um computador não pode olhar para uma pessoa e determinar que algo está errado. A IA é outra ferramenta que vai nos ajudar como médicos, não uma ferramenta que fará aos médicos desaparecerem.”
Esta webinar, moderada pelo membro do conselho do HI Dr. Manno Saks da Suíça, é o episódio 6 da série de inverno “Tons de Saúde: Uma Jornada Para o Futuro da Medicina”, que fornece uma janela para os últimos avanços nas fronteiras da medicina, como praticada e imaginada pelos visionários de Hadassah.
Assista ao webinar abaixo: