Dando um pouco de consolo nos momentos mais destruidores de almas que um pai já teve que enfrentar.

Não há alegria maior do que liberar uma criança da UTI Pediátrica”, diz Fadia Abed-Fatiha, enfermeira sênior da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica Metta Cohen (PICU na sua sigla em inglês*), do Hospital Hadassah Ein Kerem e instrutora clínica. Mas não há dor maior do que a morte de uma criança.

(Legenda da foto) Fadia Abed-Fatiha, enfermeira sênior da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica Metta Cohen (PICU)

Tudo começou quando, em meio à separação devastadora de sua filha de três anos, Leah, veio um pedido desesperado de ajuda dos pais. “Toda a sua vida ela dormiu em meus braços; posso segurá-la uma última vez? implorou a mãe de Leah. Fadia colocou Leah nos braços de sua mãe uma última vez. Foi neste momento de apaziguamento interno que Fadia percebeu que mais tinha que ser feito para os pais que estão se separando de seus filhos. “Fazemos tudo o que podemos pela criança, mas precisamos fazer mais pelos pais”, disse ela.

Fadia foi introduzida pela primeira vez ao conceito de cuidados de fim de vida na Escola de Enfermagem Henrietta Szold Hadassah-Universidade Hebraica, onde pesquisou como famílias enlutadas eram ajudadas em outros hospitais ao redor do mundo. O carrinho do luto, usado pela primeira vez no Hospital Infantil de Toronto, no Canadá, foi uma fonte de inspiração, mas o emaranhado cultural de Jerusalém adicionou um nível de complexidade.

“O Carrinho da Fadia” é o primeiro do gênero em Israel e é um exemplo de tolerância cultural e respeito no mundo todo.

“Eu me encontrei com rabinos, imãs e padres para garantir que os pais encontrem uma maneira de se conectar com D’s nas últimas horas da vida de seus filhos”, disse Abed-Fatiha, um muçulmano devoto. “Na minha experiência, ninguém é ateu quando seu filho está morrendo.”

Os itens mais populares no carrinho são um carimbo e um kit de massa que permitem que os pais preservem na memoria as pegadas de mãos e pés de seus filhos.

As três primeiras gavetas estão cheias de objetos cerimoniais judeus, muçulmanos e cristãos, incluindo livros de oração, contas e tapetes de oração. A quarta gaveta está cheia de fragrâncias – usadas em um costume islâmico para combater o odor angustiante da morte. Os itens mais populares no carrinho são um carimbo e um kit de massa que permitem que os pais preservem na memoria as pegadas de mãos e pés de seus filhos.

Fadia afirma que no Islã não é costume levar para casa objetos pertencentes aos falecidos, mas apesar da tradição, árabes religiosos e judeus são muito confortados pelas estampas.

Há necessidades que são universais, não importa quais sejam as crenças ou a educação cultural de um pai.

A compaixão de Fadia não conhece fronteiras. Quando começou com o projeto, esta mãe de gêmeos, de 37 anos, reabastecia o conteúdo de seu carrinho às suas custas antes que as contribuições de solidariedade começassem a aliviar o fardo financeiro…”mas é necessário mais”, confidencia.

Ela recebeu seu Diploma de Enfermagem pela Universidade Al-Quds/Hospital Makassed e concluiu seu Mestrado na Escola de Enfermagem Henrietta Szold Hadassah-Universidade Hebraica. Ela continua a instruir enfermeiras em ambas as instituições.

A iniciativa de Fadia levou a um protocolo PICU que permite que os pais mantenham seus filhos moribundos em seus momentos finais em privacidade e intimidade.

As iniciativas de destaque da Fadia foram reconhecidas em 2017 com o Prêmio do Presidente de Israel conferido pelo presidente Reuven Rivlin.

O artigo apareceu originalmente na Revista Anual 2020 de Hadassah Internacional que você poderá ler aqui.

 

*Nota do tradutor