O entendimento do papel que as características herdadas desempenham nas chances de um indivíduo desenvolver câncer de mama; análise da biologia específica de cada tumor para melhor adaptar a terapia a cada paciente; diagnóstico do câncer através de3 amostras de sangue ao invés da realização de biópsias. Estes são os objetivos que orientam a abordagem que a Hadassah Medical Organization está desenvolvendo na pesquisa e tratamento do câncer.
Um estudo atual, envolvendo 130 pacientes de câncer de mama, tem como objetivo identificar mutações fundadoras em vários grupos étnicos que aumentam o risco de câncer de mama. Estas mutações são encontradas com muita frequência dentro de uma população específica – todos com um ancestral comum. Enquanto a pesquisa do Hadassah confirmou há anos que há pelo menos 10 vezes mais prevalência de mutações genéticas BRCA1 entre as mulheres descendentes de Asquenazim, mais recentemente Hadassah identificou uma mutação fundadora em judeus Sefaradim e em judeus do Curdistão. Estas descobertas foram destacadas na edição de 2015, 2:31-26 do Open Medicine Journal.
Em outro estudo, a equipe de Oncologia do Hadassah está colaborando com membros do departamento de Patologia e com o Prof. Yuval Dor da Hebrew University para detectar câncer de mama através do DNA circulante de tumores (ctDNA). Este DNA, derivado do tumor, flutua no sangue e assim torna-se um marcador específico que pode ser detectado, medido e rastreado. Além disto, é específico de um órgão ou tecido, assim os pesquisadores podem saber que tipo de câncer está presente.
Conforme relata o Oncologista Sênior, Dr. Aviad Zick: “O tratamento de câncer de mama logo no início leva à cura em mais de 90% dos pacientes.” Mas, ele explica, “porque os pacientes são tratados com quimioterapia baseada em modelos estatísiticos ao invés de adequados ao seu tipo molecular específico de tumor, algumas mulheres não tem benefício com a quimioterapia padrão.” Portanto, ele diz, “um biomarcador preditivo confiável para quimioterapia é uma necessidade urgentíssima.”
É importante notar, entretanto, que a quimioterapia não é sempre a melhor escolha de tratamento. Como explica a Profa. Tamar Peretz, chefe do Sharett Institute of Oncology e diretora do Center for Malignant Breast Diseases do Hadassah: “Muitas mulheres que são diagnosticadas em um estágio muito inicial com tumores não agressivos não recebem quimioterapia. Quimioterapia é inidicada para aquelas com um prognóstico pior e a quimioterapia melhora este prognóstico. Hoje, nós dispomos de ferramentas mais acuradas, baseadas em avaliação molecular que prediz quem pode usufruir melhor e assim reduz o número de mulheres que recebem quimioterapia sem nenhum benefício.”
Ao mesmo tempo, relata o Dr. Zick: “Nossa hipótese é que o ctDNA pode servir como um biomarcador preditivo confiável para o sucesso da quimioterapia para o câncer de mama em estágios iniciais.” O plano de pesquisa é testar o ctDNA de pacientes de câncer de mama e de pacientes que tem câncer em outros órgãos para identificar que mutações e biomarcadores eles tem em seu sangue. Então vamos comparar estas amostras com o ctDNA do plasma de pacientes saudáveis.”
A Profa. Peretz explica; “A suposição da pesquisa é que se há células tumorosas no sangue, o paciente vai eventualmente desenvolver metástase. Nós esperamos que a quimioterapia e outros tratamentos eliminarão o potencial desenvolvimento da metástase. Em alguns pacientes, nós veremos o desaparecimento do tumor no DNA circulante; estes são os pacientes que deverão continuar com a quimioterapia. Nos pacientes em que não for constatada a redução do tumor no DNA circulante, nós saberemos que o tratamento selecionado não será efetivo e outras terapias deverão ser tentadas.”
Outra via de estudo no Hadasah é o exame de uma mudança específica no DNA que leva ao câncer de mama. Chamado de Amplificação do DNA ERBB2, este fenômeno envolve a superexpressão de um gene e é uma característica de tumores de mama agressivos. A amplificaçção do ERBB2 serve como um biomarcador preditivo para indicar se o tratamento com inibidores HER2 prolongará a expectativa de vida de um paciente com câncer de mama. Apesar deste tratamento ser o padrão, o Dr. Zick explica: “somente uma minoria de pacientes de câncer com HER2 positivo (aqueles que tem esta proteína específica) tem benefício com este tratamento.”
Para aprofundar o entendimento desta superexpressão específica do gene, os pesquisadores do Hadassah estabeleceram uma plataforma Whole Genome Sequencing (WGS) que os habilita a estudar a amplificação do tumor em grande detalhe. Utilizando a WGS, eles examinam alguns pacientes com resposta excepcional aos inibidores HER2. “Nossas descobertas sugerem que a estrutura do segmento ERBB2 ampliado está relacionada com a resposta excepcional ao tratamento.”, observa o Dr. Zick. Consequentemente, eles planejam examinar todos os tumores ERBB2 amplificados que puderem encontrar nas bases de dados. Além disto, vão sequenciar 30 tumores de mama com ERBB2 amplificado para identificar suas características e verificar a possibilidade de estabelecer sub-grupos baseados nestas características permitindo a customização de tratamentos de acordo com elas.
Como aponta o Dr. Zick, o objetivo do Hadassah é identificar mais precisamente pessoas com risco de câncer, monitorar a reação do câncer de mama ao tratamento utilizando os novos biomarcadores desenvolvidos pelo Hadassah e identificar aqueles pacientes que vão efetivamente se beneficiar de um tratamento específico.