Pesquisadores de todo o mundo ficaram intrigados com uma complicação mortal da COVID-19 que afeta 30% dos pacientes: a formação de coágulos sanguíneos grandes e pequenos que criam bloqueios letais nos pulmões, rins, coração e cérebro do paciente. O Prof. Abd Higazi, chefe do Departamento de Bioquímica Clínica e Divisão de Laboratórios da Organização Médica Hadassah, identificou o mecanismo que causa esses coágulos.
O Prof. Higazi e colegas internacionais publicaram um artigo seminal na principal revista médica Blood sobre sua descoberta de que a alfa-defensina, um peptídeo (uma cadeia de aminoácidos) acelera a criação de coágulos sanguíneos e impede sua desintegração. Essa descoberta é crucial para entender o que está acontecendo com os pacientes com COVID-19 porque os medicamentos anticoagulantes existentes não afetam a alfa-defensina.
“Coletamos amostras de sangue de pacientes do departamento de surtos COVID-19 do Hadassah”, relata o Prof. Higazi, “e descobrimos uma alta concentração de alfa-defensina”. Quanto mais doente o paciente estava, descobriram os pesquisadores, maior a concentração desse peptídeo.
O Prof. Higazi e a gerente do laboratório, Suhair Abdeen, estão trabalhando em uma nova maneira de dissolver os coágulos sanguíneos. Eles estão testando colchicina, um medicamento oral usado para gota e febre familiar no Mediterrâneo. Conseguiu reduzir os níveis de alfa-defensina e coágulos sanguíneos em ratos, e eles estão aguardando aprovação para iniciar testes em humanos.
O Prof. Higazi acredita que, se o medicamento reduzir os coágulos sanguíneos nos pacientes com COVID-19, reduzirá bastante o número de pacientes que precisam de respiradores. “Esses pacientes têm numerosos coágulos sanguíneos nos pulmões, impedindo o fluxo sanguíneo normal”, explica ele.
Além disso, ele diz: “Podemos dar o medicamento a pessoas com sintomas leves para impedir o desenvolvimento de coágulos sanguíneos”.