Até recentemente, crianças em Israel eram quase sempre sedadas para tratamentos de radiação. No Hadassah Medical Center, no entanto, isto está mudando.
Desde agosto, uma dúzia de crianças doentes passaram por radiação sem sedação. “Se crianças não são sedadas em outros países, por que a situação deveria ser diferente aqui?” perguntou Emuna Steimetz, uma professora na Hadassah School for Sick Children. “Se nós podemos poupar crianças doentes dos efeitos negativos que vem com os sedativos, é nosso dever fazê-lo”, ela disse.
Nascida na antiga União Soviética, Steimetz imigrou para Israel em 1973. Engenheira por formação, ela encontrou sua vocação como professora de ciências. “É um assunto difícil de se ensinar a crianças jovens, então eu desenvolvi uma caixa de ‘truques mágicos’ baseados em princípios científicos para manter os alunos interessados”, ela conta.
Após um acidente de trabalho, Steimetz foi paciente do Hadassah Hospital. Por quase três meses, ela passou por vários procedimentos e reabilitação. “Meu cirurgião me disse que se eu quisesse me recuperar completamente, eu precisava voltar a trabalhar”, ela disse.
Há cinco anos ela começou um trabalho voluntário na Hadassah School for Sick Children, que opera dentro de todos os dez departamentos pediátricos em ambos os campis de Ein Kerem e de Mount Scopus. Todas as salas incluem um grupo diverso de alunos de diferentes idades e de origens variadas, como nas antigas escolas de uma sala.
Agora Steimetz está usando sua caixa de truques mágicos mais uma vez para ensinar ciências a crianças doentes. O Dr Gal Goldstein, chefe do Pediatric Hemato-Oncology Department, sabia que crianças estavam infelizes com a radioterapia e não cooperavam quando chegava a hora do tratamento, então ele procurou Steimetz. Ele pediu a ela que desenvolvesse uma maneira de ajudar as crianças a lidar com os tratamentos de radiação. Crianças com câncer normalmente passam por trinta sessões de cinco minutos cada de radiação. “É comprovado que o conhecimento reduz o medo, mesmo entre pacientes tão jovens”, explicou Steimetz, “então eu sabia que com as ferramentas educacionais corretas, nós poderíamos ajudar essas crianças”.
Steimetz decidiu que ela poderia mostrar às crianças pequenos pontos vermelhos de “tumor” de massinha em uma bola verde. “Então eu dava às crianças um pequeno apontador laser e dizia a elas para apontar o feixe para o ponto vermelho para eliminar o câncer”, ela explica. “Quando eu movia a massinha, elas entendiam porque é tão importante ficar imóvel durante a radiação”.
Steimetz também entrou em contato com a Varian Medical Systems e pediu por um modelo do equipamento utilizado para a radioterapia. Ela recebeu um modelo do tamanho de uma casa de bonecas pela postagem expressa. Steimetz então encomendou de um estúdio que faz reproduções artísticas para museus um modelo maior do dispositivo de administração de radioterapia. “O estúdio ficou tão animado em fazer algo que iria ajudar crianças doentes que eles foram além dos nossos pedidos e incluíram mais detalhes no modelo na máquina”, disse Steimetz. Este modelo realista agora prepara as crianças para o tratamento.
Alem disso, Steimetz encontrou livros infantis sobre radiação em hebraico e em árabe para ler para as crianças. “Com estas ferramentas, nós podemos ajudar crianças com câncer a entender o que vai acontecer com elas”, ela nota. “Este conhecimento permite que as crianças cooperem e reduz a necessidade de sedação”.
Recentemente, um dos técnicos de radioterapia procurou Steimetz para lhe contar que uma criança de nove anos com necessidades especiais foi uma das pacientes mais bem preparadas que ela já teve e cooperou do começo ao fim do tratamento. “Esta é toda a recompensa que eu preciso”, disse Steimetz.